Segundo Sol: entretenimento ou desserviço?

 

Karola sendo humilhada por sex tape

Ontem (28.09) foi ao ar o capítulo 118 de Segundo Sol, que dava continuidade a cena em que Beto (Emílio Dantas), a família Falcão e uma multidão de pessoas descobriam o caso de Karola (Deborah Secco) e Remy (Vladimir Brichta). A cena ambientada em um show começou com um verdadeiro festival de machismo e desserviço. 

Infelizmente as novelas ainda influem o pensamento de muitos telespectadores e colocar como certo e justo uma mulher sendo humilhada em público, com um sex tape exibido em rede nacional, recebendo comentários machistas e agressões por parte do elenco que ao longo do capítulo ainda defende as atitudes e justificam tudo com o fato de ela ter ''traído Beto Falcão'' é ou deveria ser inadmissível. Coincidentemente no mesmo dia em que foi descriminalizada a traição feminina na Índia, uma personagem no Brasil é linchada por esse motivo e a história é vendida como correta. 


O post não tem a intenção de defender adultério e sim questionar o motivo que leva as mulheres a serem tão execradas em Segundo Sol quando traem (relembrando Cacau, que também foi humilhada em público por esse motivo), mas com os homens não acontecer o mesmo e o telespectador também não cobrar isso. Beto Falcão explanou para o país que sempre amou Luzia e não houve revolta por ele revelar isso estando casado. Pra piorar, o texto dos demais personagens ainda eximiam Remy de culpa e colocavam Karola como a única errada da história, a pistoleira e cachorra, que deveria temer toda a Bahia porque, novamente, ''traiu Beto Falcão''. 


Karola desviou milhões de Valentim (Danilo Mesquita) e toda a família ficou a par disso, mas ninguém demonstrou grande preocupação. Já quando foi revelado que ela traiu o marido, a mesma família que abrigou a amante de Beto e que também tem casos de adultério, resolve dar continuidade as humilhações e chegam a agredir a personagem,  reforçando a tese que trair o marido (que também já a traiu) é pior do que roubar e alegando que a maior humilhação é pra ele — que quando revelou uma traição, foi apoiado.

Falso estupro de Rochelle


Na mesma noite ainda foi ao ar a cena em que Rochelle (Giovanna Lancellotti) acusa falsamente Roberval (Fabrício Boliveira) de agressão e estupro. A personagem simula a cena e chega a se jogar em uma mesa de vidro pra dar mais veracidade a sua mentira. É sim importante salientar que casos falsos existem, mas ao contrário disso, as cenas seguintes, de Rochelle no hospital, apenas complementam que é fácil simular uma tentativa de estupro e que quem passa por isso pode estar a procura de dinheiro. 

Rochelle no hospital, após fingir estupro 

E isso apenas serve para que os defensores tenham exemplo para desmoralizar as acusações verdadeiras. Cenas que ajudam a exceção virar regra e leva, talvez o caso mais sério do país, como meio de extorsão não deveriam ir ao ar, pois ao invés de entreter, apenas fornecem desserviço a população, principalmente feminina.

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