Uma menor duração de "Espelho da Vida" a favoreceria, mas nada tira seus méritos

Rafael Cardoso, Vitória Strada e João Vicente de Castro (Foto: divulgação/TV Globo)

Cercada de elogios por público e crítica, "Espelho da Vida" encerrou - nessa segunda, 01/04 - o seu ciclo: Apesar da baixa audiência, foi impecavelmente construída e escrita pela sua autora, Elizabeth Jhin.

Condução

Talvez o grande problema da obra de Elizabeth Jhin tenha sido o extenso número de capítulos,160 no total. Isso resultou em repetições que cansaram o público: Daniel (Rafael Cardoso) sendo ameaçado e perseguido, sem contar as surras que o mocinho levou, Julia (Vitória Strada) sendo constantemente oprimida pelo pai e, no presente, Alain (João Vicente de Castro) caindo incontáveis vezes nos planos de Isabel (Alinne Moraes). Muitas dessas repetições poderiam ter sido evitadas se a novela tivesse sido mais curta, pouco mais de 80 capítulos já poderiam ter contado a história de Cris Valência/Julia Castelo, fazendo da novela menos cansativa.

Fora isso, "Espelho da Vida" ousou em sua narrativa e surpreendeu com a aposta em um jogo do tempo, duas épocas eram apresentadas ao mesmo tempo e uma complementava a outra. A originalidade de Jhin ao criar a história foi ímpar, nada antes instigou tanto como desvendar os mistérios que cercavam as duas vidas de Cris Valência.

Quem Matou Julia Castelo? 


(Foto: divulgação/TV Globo)
Originalidade e clichê se encontraram na trama, o "quem matou?" voltou a dar as caras na teledramaturgia, mas o de Elizabeth Jhin foi um dos mais bem apresentados, isso pela estrutura narrativa e também pela qualidade de teias criadas pela autora. Difícil foi deduzir um assassino quando todos tinham motivos para matar Julia Castelo, mesmo que para proteger-lá.
Coronel Eugênio (Felipe Camargo), Albertina (Suzana Faini), Dora (Alinne Moraes) e Gustavo Bruno (João Vicente de Castro) foram os principais suspeitos, mas a maioria do público acreditava que Dora, a amiga invejosa de Julia, teria a assassinado.
A resposta para o crime não foi feita no último, mas sim no antepenúltimo capítulo da novela, em uma das sequências mais impactantes e surpreendentes da teledramaturgia, é revelado que Coronel Eugênio foi o assassino da própria filha, Já Dora foi a responsável por colocar a arma do crime nas mãos de Danilo e incrimina-lo injustamente.
Ao levar o tiro, Cris Valência sai do corpo de Julia Castelo e acaba por ver tudo o que acontece depois do assassinato de sua vida passada.
Cris consegue voltar ao presente apenas com a ajuda de Daniel, a reencarnação de Danilo Breton.

Direção


Pedro Vasconcelos e equipe (Foto: divulgação/TV Globo)

"Espelho da Vida"
apresentou um dos melhores trabalhos de direção dos últimos anos, todos elogios são válidos a Pedro Vasconcelos e equipe. A ambientação da história teve muita originalidade e um universo bem próprio, o diretor soube separar bem passado e presente e impressionou pela riqueza de detalhes. Várias cenas em que buscaram trazer diferentes sensações ao público foram executadas com primor. Quem não se viu apreensivo quando algum personagem entrava nas ruínas do casarão de Julia Castelo? E quem não se enlevava com as belas imagens captadas em cidades de Minas Gerais que ilustravam a fictícia Rosa Branca?

(Foto: divulgação/TV Globo)

A direção de cenas conseguia sempre transmitir emoções no limite certo para a história, sem grandes exageros e sem usar muitas pirotécnicas, que, em um geral, mais servem pra artificializar às novelas. Nesse caso o texto de Jhin se encontrou em sintonia, a autora evitou cenas de muita briga e gritaria, segurou a tensão na sutileza.




Elenco 

Alinne Moraes (Foto: divulgação/TV Globo)

O elenco sem dúvidas deu seu melhor na novela, todos tiveram o seu momento de brilhar, até os coadjuvantes. Mas sem dúvidas os destaques ficaram por conta de Vitória Strada, Alinne Moraes e Irene Ravache. Todas souberam distinguir muito bem as suas personagens do presente com as do passado, cada qual com composições únicas.
Outra pérola do elenco foi Clara Galinari, a Priscila, a sintonia com João Vicente de Castro e a atriz mirim foi cativante, poucas vezes algo se aproximou disso na teledramaturgia. Méritos também à autora que foi cuidadosa ao construir a relação entre pai e filha.
A dupla formada por Felipe Camargo e Júlia Lemmertz foi de uma força incrível, o ator teve a oportunidade de brilhar com seus dois personagens, mas principalmente com o Coronel Eugênio, uma figura psicótica que fazia de tudo para ter ao seu lado a filha Julia e a esposa Piedade.
Já a Piedade e a Ana de Lemmertz se distinguiram bem, mas tinham em comum a grande preocupação em relação as mocinhas Julia e Cris.
O elenco foi de grandes destaques, não vai dar pra citar todo mundo, mas foram impecáveis: Suzana Faini, Reginaldo FariaEmiliano Queiroz, Kéfera BuchmannDandara Albuquerque - Um achado! - , Patricya Travassos, Vera Fischer, Letícia Persiles, Rafael Cardoso, Patrick Sampaio e muitos outros...

(Foto: Divulgação/TV Globo)

"Espelho da Vida" foi uma obra bem construída e de uma delicadeza preciosa, nem mesmo os seus erros foram capaz de levantar questionamentos negativos em relação a trama, fica marcada nesse história o bom fôlego de Elizabeth Jhin, que se renova com o tempo.

Até o próximo texto, ultrers! :)

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