A Beleza da Vida - Capítulo 05


UMA NOVELA CRIADA E ESCRITA POR: RAFAEL ROBERTO 




CENA 1:

PERSONAGENS:

HELENA (ADRIANA ESTEVES)
SILVANIA (CAROLINA DIECKMANN)
ZUMIRA (ATRIZ DE APOIO)

CENARIO: APARTAMENTO HELENA, SALA DE ESTAR

Companhia toca. Zumira atende. Era Silvania.

ZUMIRA: Olá Dona Silvania, que coincidência. A gente estava falando sobre a senhora.

Estavam sentados no sofá Helena e Bernardo.

HELENA: Verdade, eu estava falando para a Zumira o como você me ajudou na criação do Bernardo.
SILVANIA: Ele é meu afilhado, obvio que eu ajudaria. Eu amo muito você Be. _ Ela olha no fundo dos olhos de Bernardo _ Como meu próprio filho.

Ele fica um pouco constrangido.

BERNARDO: Eu também gosto muito da senhora tia. Preciso fazer um trabalho para a professora Fatima.

Bernardo se retira da sala. Silvania olha para Helena, que nesse momento sente o que aquele olhar significava.

SILVANIA: Eu preciso conversar com você Helena, é sobre o Bernardo.

HELENA: Ah minha irmã, pela sua cara é algo sério!

SILVANIA: Não sei Helena, mas temo que possa se tornar...

HELENA: É sobre a escola, ele brigou com alguém?

SILVANIA:  hoje eu o segui Helena, agora mesmo...

Helena a olha meio confusa, Zumira chega com dois copos de suco de laranja e o entrega na mão da Helena e Silvania.

HELENA: Obrigado Zumira!

SILVANIA: Obrigado meu anjo!  

Zumira sai da sala e vai direto para cozinha. Silvania continua.

SILVANIA: Eu o segui até aquela comunidade perto da Ernesto Ribeiro, ele parou em um barracão e pegou uma coisa meio suspeita com o morador local. _ Ela fala quase sussurrando.

HELENA: Sabe Silvania, o comportamento dele está muito estranho. Sempre na defensiva, eu já não sei o que eu faço para que ele tenha confiança em mim, ele parece estar machucado, ele é muito retraído. Eu sei que eu não fui uma boa mãe nem para ele e nem para Ceci. Eu passei muito tempo o culpado, mesmo não verbalizando, mesmo sendo só no meu íntimo, acho que ele sentiu, ele até já jogou na minha cara isto. A Ceci não, ela é tão forte, ela não se abala. Já Bernardo sempre foi muito mais frágil, eu devia ter sido melhor, você sabe Silvania o tanto que eu falhei como mãe né?! Você acha que ele possa estar usando drogas?

SILVANIA: Você se pune demais. Não é culpa sua, aconteceu, você entrou em uma depressão. Isto é comum após o parto, você não é uma má mãe por isto.

HELENA: Eu sinto que eu me distanciei demais do Bernardo e da Cecilia na infância deles. Eu estava confusa, você sabe do jeito que eu ficava pelos cantos. Não parecia eu. Acho que ele sentiu. Ele sempre sentiu. Se não fosse você para me ajudar, o que seria desse menino?  
Helena olha para o alto como se nesse momento ela se transportasse para o triste dia da morte do seu pequeno sobrinho.

SILVANIA: Eu o amo muito, tenho saudade daquele tempo que eu ficava por horas com ele.  
HELENA: Quando ele era bem pequeno, acho que ele tinha uns cinco anos de idade ou seis, talvez, ele chorava muito, não dormia a noite, e fazia xixi todas as noites na cama. E toda vez que eu ia explicar que aquilo estava errado, ele olhava bem no fundo dos meus olhos e parecia me desafiar. E todas as noites era a mesma coisa. Até que eu parei de falar, eu estava esgotada.

SILVANIA: Já comigo ele sempre foi muito doce e gentil. O Caio amava muito o Bernardo quando a gente era casado, ele era doido para ter um filho homem, a Camila que não me escute, ciumenta para caramba.  

Silvania respira fundo para afastar as lembranças, que apesar de lhe fazer bem, era passado.

HELENA: Vocês foram muito felizes juntos né Silvania?
SILVANIA: Não vou mentir para você Helena, eu sinto saudades sim dele.


CENA 2:

CENARIO: FAZENDA LACERDA, HARAS

PERSONAGENS:

SILVIA (FLAVIA ALESSANDRA)
FELIPE (RODRIGO LOMBARDI)
CAIQUE (ROMULO ESTRELA)




Silvia estava alisando a cabeça de Lady, sua égua. Ela está com o emocional bastante abalado.  
Felipe estava ao fundo e começa a caminhar em sua direção.

FELIPE: Olha quem apareceu por aqui?! Silvia Moretti. Vejo que a Lady está amando a sua companhia.

Com o rosto meio tristonho Silvia apenas abana a cabeça e deixa um sorriso sem graça.
Felipe disfarçou o clima, ele sabia sobre o temperamento variante de Silvia.

FELIPE: Estou precisando te passar uns papeis para você assinar. Mas não precisa ser por agora. É sobre a ampliação do Haras.

SILVIA: Sabe Felipe, eu não estou com muita cabeça para tratar sobre assuntos de negócios.  
FELIPE: Tudo bem, amanhã quando você estiver disposta você assina. Você tá por aí no sítio do seu pai né?

SILVIA: Estou sim, desde o aniversário da Helena. Minha mãe também está lá.  

FELIPE: Esses dias estava lembrando quando eu vi vocês pela primeira vez, as três irmãs Moretti.  
SILVIA: Eu jurava que seus olhos eram só para Helena _ Mesmo com emocional abalado ela consegue sorrir um pouco.

FELIPE: E o pior que no tempo em que estive junto com ela era sim. Eu senti tanto amor por aquela mulher que era até um pouco doentio. Mas aí veio o Fernando e você já sabe toda a história.

SILVIA: Por falar no Nando, você tem alguma notícia dele?  
FELIPE: Olha, depois que a gente brigou feio, eu o vi poucas vezes. Ele decidiu viver a vida igual bicho solto. Ele sempre teve essa alma de liberdade. São mais de vinte anos que eu não vejo meu irmão, você acredita?

SILVIA: Nossa! Eu não me imagino assim tanto tempo sem minhas irmãs. Vocês também eram tão próximos, os irmãos Lacerda. A Helena uma vez cismou que eu devia namorar o Nando, mas por algum motivo ela desistiu rápido demais dessa ideia.  

Felipe apenas sorriu e mudou de assunto.

FELIPE: Acho perigoso você e Dona Sonia sozinhas naquela casa.

SILVIA: A Piedade e o Tomé vieram com a gente. Eles vão ficar por aqui cuidado do Sitio enquanto estivermos no Rio.

FELIPE: Acho bom. Eu me preocupo com vocês.  
SILVIA: Eu sei Felipe, eu sei. Você está sendo um ótimo amigo.

Caique se aproxima acenando a mão para Silvia.

CAIQUE: E aí cunhada, como você está?
SILVIA: Ex cunhada, pelo amor de Deus. Caique te adoro, mas se a Silvania voltar com você depois de toda cachorrada que você fez com ela, eu serei a primeira a colocar veneno de rato na sua comida. E olha que eu sou louca, não pague para ver

FELIPE: Você e a Silvania não estão mais juntos Caique?
SILVIA: Ele e a sua filha Isadora estava se agarrando na festa da Helena. _ Silvia foi curta e direta.

Felipe olha com bastante ódio para Caique, que nesse momento engole seco.

CENA 3:

CENARIO: PLANO SEQUENCIA, EXTERNA, PAISAGEM DO CALÇADÃO DE IPANEMA/COPACABANA. VÁRIAS PESSOAS E TRÂNSITO MOVIMENTADO.

PERSONAGEM: BILLY (JUAN PAIVA)





Billy está andando de Bicicleta com a mochila nas costas. Ele passa pela ciclovia até o final do calçadão. Corte para ele entrando em uma rua em um edifício bastante grande, onde fica a galeria de arte Faccioli.

CENA 4:

CENARIO: TEATRO DE BALET ANDREIA FACCIOLI, SALA AMPLA COM ASSENTOS VAZIOS.

PERSONAGENS:
ANDREIA (Vera Fischer)
CECILIA (Mel Maia)
ISADORA (Jade Picon)
BILLY (Juan Paiva)
MAX (Leonardo Bittencourt)
TOIA ( Gi Fernandes)
ANGELICA (Bel Lima)

No palco do Teatro Faccioli estavam todos bailarinos selecionados para o espetáculo Giselle.  
Billy chega ofegante e Andreia o olha com olhar de desaprovação.

BILLY: Desculpa Andreia. Eu tentei chegar o mais rápido possível.
ANDREIA: Profissionalismo Billy, por favor. Não me importa com o que você enfrentou para chegar aqui, eu só quero que você chegue a tempo.
BILLY: Não vai se repetir eu prometo.
Billy olha para Cecilia que já estava com o figurino medieval da montagem de Giselle.
ANDREIA: Bom, então vai se trocar já! cinco minutos! Eu atribuirei os personagens do espetáculo.  

Isadora estava afrita, ela olhou para Toia, e logo em seguida para Cecilia, suas principais rivais.

ANDREIA: Não irei me prolongar muito. Eu ainda não decidi quem será Giselle. Direi o nome dos outros personagens. Albrecht será o Max...

Max comemora o personagem. Toia o parabeniza.  

ANDREIA: Bathilde será a Toia, Hillarion será o Billy, Berthe será a Angelica. E por fim Isadora e Cecilia eu quero explorar o máximo de vocês duas, uma de vocês será a Giselle e a outra a Myrtha.  

Billy chega já vestido com o seu figurino.  

CECILIA: Parabéns amor, você será o Caçador. _ Ela sussurra.

ANDREIA: Profissionalismo Cecilia Moretti. Já falei para vocês dois não envolver relacionamento aqui na companhia. Eu não trabalho com gente desestabilizadas.
ISADORA: Cafonas! _ Ela gargalha olhando para o Max e Toia.  

CECILIA: Melhor que ser amante de homem casado.

ANDREIA: Vocês duas parem de baixaria senão darei o papel de Giselle para qualquer mendiga que passar na rua e para vocês darei uma cortesã barata e figurante.

CENA 4:

CENARIO: HOSPITAL SERGIO MORETTI, REFEITORIO

PERSONAGENS:  
CAMILA (ANAJU DORIGON)
CAIO (MURILO BENICIO)
EVANDRO (LAZARO RAMOS)

Na mesa do refeitório estava Camila, Caio e Evandro.

CAMILA: Eu não me formei na faculdade para ficar nesse hospital fazendo só risco cirúrgico pai.

CAIO: Ué você quer fazer o que minha filha? Um transplante de coração? Você é residente, tenha paciência.  

EVANDRO: A Camila é a única residente que eu conheci que quer trabalho pesado. Na minha época eu dava graças a Deus quando eu não participava das cirurgias.

CAMILA: Aqui é medicina por amor.

EVANDRO: É fácil ter amor a vida quando você tem apenas 25 anos. Depois dos 40 anos, você só deseja que a eutanásia não seja tão burocrática e proibida.  
CAMILA: Ah tio não me venha com esse papo de cuspir no prato que o senhor já comeu. Quando eu era criança eu bem lembro do quanto o senhor e meu pai se envolvia nos casos dos seus pacientes.

CAIO: Outra época minha filha. Hoje em dia eu também estou com o seu tio, não na parte da eutanásia, que fique claro.

CAMILA: A Clara me ligou querendo que eu vá na estilista dela com ela. A coitada tá surtando com os preparativos do casamento. E meu pai se deixar casa de jaleco.  

Evandro e Camila riem bastante. Começa a relampear e fazer barulho de chuva.

CAIO: Meu Deus e esse temporal de repente?!


CENA 5:

CENARIO: APARTAMENTO HELENA, QUARTO BERNARDO




Bernardo está na frente da tela de seu computador, com uma página em branco no formato do WORD.

Ele começa a escrever algo, o close em seu rosto que parece frio e apático.
Enquanto ele escreve ele recorda de um momento de sua infância.  

FLASHBACK: (5 de novembro de 2011)

CENARIO: APARTAMENTO SILVANIA, SALA DE ESTAR

Bernado estava correndo pelo apartamento de sua tia Silvania, ele tinha por volta de cinco anos de idade.

Silvania está feliz com o seu até então Marido Caio. Camila está atrasada para aula.

CAMILA: Mãe de novo isto, eu sempre perco o primeiro horário, Você parece mãe desse garoto e não a tia Helena.  

SILVANIA: Você devia ir a pé se está tão incomodada. Parece uma velha rabugenta de oitenta anos.
CAIO: O Bernardo é o meu parceiro de futebol, não é garotão?! - Caio grita ele que continuava correndo e rindo.

CAMILA: É melhor então assumir a guarda dele, porque ele parece que nem mãe tem.  
Bernardo para de correr instantaneamente. E por um segundo ele desejou que a sua tão amada tia Silvania fosse sua mãe mesmo.  
SILVANIA: Olha aqui Camila, larga de ser estupida. A Helena não está em uma fase boa.

CAMILA: E pelo visto só a senhora é normal dentre as irmãs...

Bernardo tinha bastante flash de sua família “postiça”. Embora ele achasse Camila um pé no saco ele amaria fazer parte daquela família, mesmo que ele já fizesse parte indiretamente.  

CENA 6:

CENARIO: EXTERNA FAIXADA DA GALERIA DE ARTE FACCIOLI.

PERSONAGENS:

FATIMA (LUANA PIOVANI)
ANDREIA (VERA FISCHER)

Fatima está com o seu carro parado em frente a galeria de arte de sua mãe, Andrei Faccioli. Está chovendo muito.  
A expressão dela é de nostalgia, fazia quase dois anos que ela e sua mãe não se falava.  
Andreia é vista saindo do prédio da galeria, com uma ajuda de uma bengala e neste momento ela está lutando para abrir o guarda-chuva para atravessar a rua.
Fatima sentia saudade de sua mãe, só que por algum motivo ela apenas deixou a ir. As duas tinha o mesmo gênero forte.

CENA 7:

CENARIO: EXTERNA, RESTAURANTE LEBLOM.


PERSONAGENS:
JORGE (MARCELO NOVAES)
HELENA (ADRIANA ESTEVES)

Helena e Jorge estavam sentado em uma mesa, ele estava de folga da redação do jornal que trabalhava.  

JORGE: Você está me dizendo que o Bernardo possivelmente está usando maconha?

HELENA: Na verdade depois que a Silvania foi lá em casa e me alertou sobre o Bernardo, eu revistei o quarto dele todo e não encontrei nada. Mas ele anda muito estranho meu amor.  

JORGE: Minha mãe me ligou ontem falando que ele foi super inconveniente com a Anita no seu aniversário, e de verdade acho que é caso de terapia. Estou pensando em marcar uma consulta com o Doutor Alexandre para ele.

HELENA: Eu acho ótimo. Você me acha uma mãe ausente? Seja sincero Jorge.

Jorge franze a testa.

JORGE: Sabe, quando os gêmeos nasceram eu tive a maior expectativa do mundo. Eu era o homem mais feliz desse planeta. E achava que depois que eles nascessem você também seria. Eu te vi sofrer muito Helena, e eu não entedia o porquê. Mas eu estava ali para te apoiar. Meu lado egoísta te criticou no íntimo, hoje eu falo isto em voz alta. Como pode uma mãe ficar triste com o nascimento de dois bebês perfeitos?! E à medida que eles foram crescendo eu achava que isto mudaria, mas não. Muitas as vezes eu vhegava em casa e o Bernardo estava na casa da Silvania, eu tinha muito ciúmes do Caio com ele. Mas é a vida que traçou esse caminho, ninguém deve ser culpado ou culpada por não ter instinto paterno ou materno.

Helena observa a chuva pela janela do restaurante. Ela estava tentando buscar palavras para argumentar a indagação de Jorge.

CENA 8:  

CENARIO: PLANO SEQUENCIA COM INÍCIO NO INTERIOR DO CARRO DE SILVANIA





As ruas estão ensopas de lama de chuva e Silvania está dirigindo  

SILVANIA: Calma meu São Pedro, deixa eu chegar em casa primeiro.

Ela sente seu carro dar um baque, era o pneu que acabava de estourar.

SILVANIA: Aí meu Deus, não acredito! Que merda!

Ela sai do carro com uma pasta de plástico tampando sua cabeça. A vontade dela era deitar-se no meio da rua e dormir ali mesmo debaixo de chuva.

No outro lado da mão da rodovia vem um carro com o farol baixo ligado e começa a ligar o pisca alerta.  

Ela cerra os olhos para identificar o motorista do carro. Era o Caio.  

CAIO: Ei, você precisa de ajuda? _ Ele pergunta sem perceber que era a Silvania.

SILVANIA: Caio, é você?!

Caio para o carro no acostamento e sai em direção ao outro lado da via que a Silvania, chovia muito.

CAIO: Dona Silvania Moretti, vejo que a senhora está em apuros.

Silvania sorri e balança a cabeça. Por alguns segundos ela o sentiu mais atraente do que há 26 anos atrás.

SILVANIA: Acho que você está preste a salvar mais uma vida Doutor Caio Augusto.

Caio não conseguia parar de olhar para a boca de Silvania, e ela também olhava para a dele.

Os dois ficam mudos por uma fração de segundos, e nesse instante Caio não resiste e tasca um beijo em Silvania.




Nenhum comentário:

Postar um comentário