Nos Trilhos: Capítulo 4




Novela de

Sandy

 

Escrita por

Sandy


 Classificação: 



Personagens deste capítulo:

ANA (Carolina Kasting)

CARLO (Danton Mello)

GISELE (Christine Fernandes)

LÍVIA (Lucy Ramos)

BEATRIZ (Nívea Maria)

CARLA (Débora Falabella)

LIZA (Vivianne Pasmanter)

PAULO (Murilo Benício)

PEDRO (Dan stulbach)

LEILA (Giovanna Rispoli)

HELOISA (Ângela Vieira)

LOLA (Maria Clara Gueiros)

HEITOR (Marcelo Médici)

HENRIQUE (Petrônio Gontijo)

MAXIMILIANO (Emílio Orciollo Netto)

CAROLINA (Isabel Fillardis)

 

Título do capítulo de hoje: "Ser filho também é padecer no paraíso!"


CENA 01 CASA DE CARLA INT/NOITE



 

Carla, radiante janta com a família.

 

LEILA: O Pedro adora jantar fora...

 

CARLA: A noite pra ele é horário em que o trabalho que se estende... Já estou acostumada com a sua ausência. Ainda bem que ele compensa durante a luz do dia...

 

LEILA: Casal saudável é outro nível!

 

Carla bebe um gole de água, CORTA PARA:

 

CENA 02 CASA DE BEATRIZ INT/NOITE



 

Beatriz coloca uma travessa de massa na mesa, ricamente coberta por molho vermelho e suculento. Ela serve para Alfredo em um lindo prato desenhando a mão.

 

ALFREDO: Isso não era do falecido? Que mórbido querida...

 

BEATRIZ: Queria o que? Não vou jogar fora todo o meu enxoval, guardo tudo: das fronhas de algodão inglês aos conjuntos de louça chinesa...

 

ALFREDO: Tudo made in Paraguai, aquele mão de vaca não te comprou nada original..

 

BEATRIZ: Mas eram lindíssimos, ainda são mesmo com o passar dos anos... E o que importa é a intensão!

 

ALFREDO: Eu sempre lhe dei os presentes mais finos, as roupas mais elegantes...

 

Eles começam a comer o macarrão acompanhado de vinho tinto.

 

BEATRIZ: Tudo contrabando! Uma vez eu quase fui parar na penitenciária feminina por causa de uma echarpe enrolada no meu pescoço por você!

 

ALFREDO: Eles nem precisaram de algemas, só saíram te puxando pelo tecido igual um cachorrinho...

 

BEATRIZ: Muito engraçado! Velho idiota...

 

Os dois caem na risada.

 

BEATRIZ: O que eu realmente gostava de ganhar de você eram os livros: as grandes histórias de amor! Sangue e traição...

 

ALFREDO: Eu trazia pra menina, mas ela sempre me esnobava...

 

BEATRIZ: Ela só gosta de livros clássicos, naquelas encadernações de couro: Machado de Assis, Homero, Tólstoi... Ela nunca ia ler livro de banca de revista!

 

ALFREDO: Eu errei tentando acertar...

 

BEATRIZ: Ela saiu de mim, e nunca consegui entender ela e preencher suas expectativas... Imagina um homem que nunca foi pai...

 

ALFREDO: Em minha defesa, eu sempre cuidei do meu sobrinho!

 

BEATRIZ: E ele não presta, vamos ser sinceros! Cuidou muito mal...

 

Eles continuam rindo, CORTA PARA:

 

CENA 03 RESTAURANTE EM COPA CABANA INT/NOITE

 


Liza Viera canta elegantemente no palco, Pedro entra no restaurante, passa entre mesas diversas com casais formados, mulheres e homens sozinhos e se aproxima do palco abrindo um sorriso cintilante. Sem parar de cantar, Liza descalça um dos seus sapatos e dá-lhe uma sapatada nas fuças. A CAM a segue entrando no camarim, ouve-se o alvoroço atrás dela, CORTA PARA:

 

CENA 04 APARTAMENTO DE GISELE INT/NOITE


 


Gisele organiza a sua pasta com seus desenhos mais caprichados na mesa de jantar. O marido dela senta-se para ver televisão no sofá da sala contígua.

 

LÚCIO: Quem dera eu fosse tão organizado assim com o que escrevo...

 

GISELE: A organização é a alma do negócio...

 

LÚCIO: Negócio? Resolveu vender arte na praia?

 

GISELE: Engraçadinho, é só modo de falar... Gosto de tudo meu arrumado...

 

LÚCIO: Eu sou uma bagunça e sou todinho seu, vem me arrumar!

 

GISELE: (Rindo) Que trocadilho péssimo!

 

Ela fecha a pasta e vai até sofá: os dois se abraçam para ver a novela juntos, CORTA PARA:

 

CENA 05 RESTAURANTE EM COPA CABANA INT/NOITE



 

Pedro conversa com Liza no camarim, sem abrir mão de uma bolsa de gelo na testa.

 

PEDRO: Vou chegar em casa com galo enorme na minha cabeça e vou dizer o que a ela?

 

LIZA: A verdade: que levou uma sapatada na testa da sua caríssima amante!

 

PEDRO: Até agora não entendi a motivação da sapatada! Não é todo dia que você entra num restaurante despretensiosamente e uma louca desavisada lhe taca um desses na cara!

 

Ele levanta o sapato assassino.

 

LIZA: Faça a gentileza de me devolvê-lo, comprei a prestações numa boutique muito graciosa no Leblon, e mal terminei de pagar... E muito menos posso me desfazer de um par de sapatos por causa de qualquer cafajeste de quinta categoria!

 

Ele estende o sapato pra ela, que o captura com violência.

 

PEDRO: Não me lembro de termos brigado nas últimas semanas, tudo estava indo como sempre...

 

LIZA: Este é o problema, seu salafrário! Entra ano e sai ano e eu continuo passando o natal sozinha!

 

PEDRO: Mas eu sempre fico com você na passagem do ano...

 

LIZA: Porém sempre foge pra virar com a família! E eu cansei de ser seu puxadinho, eu quero ser a matriz, quero ser indispensável! Chega uma hora na vida da gente, que as pessoas cansam da clandestinidade!

 

PEDRO: Tenha paciência, você sabe que as coisas não funcionam desse jeito...

 

LIZA: Me poupe dos seus arrodeios argumentativos, cansei! Não sou novelo de lã, pra ser enrolada desse jeito! Cansei!

 

PEDRO: Sua saúde, meu bem! Não é saudável...

 

LIZA: Ou eu, ou ela! Decida-se, o tempo de manter duas ligações já passou, essa situação já se arrastou por tempo demais. Agora me deixe sozinha, mas tenha cuidado ao fechar a porta, qualquer barulho piora a minha enxaqueca!

 

Ele sai com o rabo entre as pernas, CORTA PARA:

 


CENA 06 APARTAMENTO DE ANA INT/NOITE



 

Ana, comendo uma banana, abre o seu computador e olha seus e-mails: fica um tempo paralisada, sem coragem de abrir o de Carlo.

 

ANA: Penso até em alongar o meu sofrimento, foi a única coisa que ele me deixou realmente...

 

Mas decidida ela abre a mensagem.

 

CARLO: (Em off) Estou vivo, amore mio, sujo e cansado, porém sono vivo... Ma não quero afligir seu core, apenas lhe lembrar que o meu, ainda é e sempre será teu. Maximiliano manda-lhe mil beijos, acho que com um pouco mais de esforço consigo leva-lo para o Brasil para te visitar... Até brevemente, sempre tuo, Carlo. 

 

Emocionada, ela automaticamente começa a digitar uma reposta, com a ânsia provocada pela saudade, mas desiste e fecha o laptop.

 

ANA: Preciso manter o mínimo de dignidade...

 

Ela anda pelo quarto, muito mexida por dentro.

 

ANA: Como os italianos chamam uma mulher abandonada...

 

Ela põe as mãos na cabeça.

 

ANA: Poverella...

 

Close no rosto de Ana, CORTA PARA:

 

CENA 07 CASA DE CARLA INT/NOITE

 

Carla pega o telefone e liga para Paulo.

 

CARLA: Desculpa te incomodar, primo...

 

PAULO: (Por telefone) Sua voz doce jamais me incomodaria... Aconteceu alguma coisa?

 

CARLA: Não, não... Eu só acho que já pensei o bastante naquela sua proposta...

 

PAULO: Confesso que estou apreensivo, pensa mais um pouco, por favor não recusa assim precipitadamente!

 

CARLA: Eu aceito o seu convite Paulo, algo me chama pra voltar. Eu ouvi meu coração quando ele pediu que eu deixasse de atuar, e agora vou ouvi-lo novamente quando me manda voltar!

 

Carla afasta o telefone para não ficar surda com a expressão sonora da felicidade do primo.

 

PAULO: Desculpa ai prima! Mas não consegui me controlar, te tirar da toca é algo sensacional!

 

CARLA: Amanhã eu vou aí na tua casa pra a gente acertar os detalhes... Beijo!

 

PAULO: Vou correndo contar pra minha mãe, ela nem vai acreditar que realizei essa proeza! Tchau!

 

Carla desliga o telefone, sai da sala, percorre o corredor até o quarto do filho: pende a cabeça na porta o olhando dormir. Joga um beijo com a mão para ele, fecha a porta e volta para a sala. Enquanto ela começa a ler uma revista, Pedro abre a porta e entra espantando a mulher com a bolsa de gelo na testa...

 

CARLA: Chegou cedo hoje... O que aconteceu! Meu Deus!

 

PEDRO: Não foi nada querida, só bati a cabeça num móvel lá do escritório, quando me abaixei pra pegar um lápis que tinha caído no chão...

 

Ela beija-lhe a testa.



 

CARLA: Você sempre foi belamente desastrado, lembra quando quebrou um vaso da minha mãe!

 

PEDRO: Ela quase me matou e nem éramos casados, não ia deixar nenhuma herança pra vocês...

 

Os dois se abraçam e entram no quarto dando risinhos, CORTA PARA:

 

CENA 08 APARTAMENTO DE ANA INT/NOITE

 

Mais calma, Ana decide responder o e-mail de Carlo.

 

ANA: (Digitando) Muitas, muitas saudades e preocupações, manda notícias e volta logo. Te amo, Ana.

 

Ela fecha o laptop e enxuga as lágrimas, CORTA PARA:

 

CENA 09 APARTAMENTO DE ANA/NOITE



 

Flashs rápidos: Carla e Paulo se encontrando e se abraçando, Ana trabalhando junto de Leonora no roteiro da minissérie, ela e Paulo flertando, Liza e Pedro brigando... Stocks do Rio, lê-se na tela: ALGUMAS SEMANAS DEPOIS...

 

Ana se arruma para jantar com Paulo, veste o lindo vestido vermelho que ganhou de presente dele.

 

LÍVIA: Mudou de ideia? Estava quase queimando esse vestido...

 

ANA: Pensei melhor, seria uma desfeita muito grande com o Paulo...

 

LÍVIA: Espero que o trabalho com a sogra não seja indigesto quando ela souber...

 

ANA: Não fanfica Lívia, é apenas um jantar, não um noivado: ele não vai me dar um anel de compromisso... Fiquei bem?

 

Ana se vira para a amiga, enquanto coloca os brincos nas orelhas.

 

LÍVIA: Lindíssima!

 

Lívia dá as mãos a amiga, confiante, CORTA PARA:

 

CENA 10 BIBLIOTECA CENTRAL DE ROMA INT/DIA

 

Stocks shots de Roma, Carlo e Maximiliano entram no ambiente composto por várias prateleiras lotadas de livros milenares.

 

MAXIMILIANO: Vá logo camarada, estou com fome, voglio mangiare! Tem um restaurante aconchegante aqui perto! Il mio peccato é amar a comida!

 

CARLO: Por isso que está bola de gordo, somos as escolhas que fazemos...

 

MAXIMILIANO: As tuas parecem as de um macaco: pular de cama em cama, como o bicho pula de galho em galho...

 

Carlo faz apenas uma careta, e segue até um deposito onde os jornais estão catalogados.

 

MAXIMILIANO: Encontrou?

 

CARLO: Ainda não, vem me ajudar, carcamano!

 

MAXIMILIANO: Santo Dio!

 

Eles começam a vasculhar os jornais italianos da década da época da guerra.

 

CARLO: Alguma coisa?

 

MAXIMILIANO: Niente, amico.

 

Lentamente a CAM se afasta dos amigos compenetrados em sua pesquisa e se aproxima da janela mais próxima: o sol invade o aposento, no frio agradável do final do inverno. Aos poucos a luz vai diminuindo, o sol se pondo, e a rajada de luz sumindo. A CAM volta para os amigos: no escuro, Max segura uma lanterna para que Carlo continue a sua procura.

 

MAXIMILIANO: Uma perda de tempo, me desculpa parlare così...

 

CARLO: Não é possível que não exista nada, entre esses milhares de jornais, uma nota se quer sobre o meu bisavô e o irmão dele...

 

MAXIMILIANO: Quando tutti se esquecem, é difficile um uomo solo resgatar o passado...

 

Carlo faz uma careta de desapontamento enquanto teima em continuar procurando. Carlo se levanta do tampo da mesa em que estava sentado.

 

CARLO: (Irritado) Eu preciso de luz, de luz!

 

MAXIMILIANO: Calma, amico!

 

Carlo fulmina o amigo com o olhar. Max o ilumina, passa a mão na parte traseira da calça e percebe que estava sentado em cima de um jornal...

 

MAXIMILIANO: Dio mio! Amico mio, acho que não vimos questo jornaleco!

 

Ele entrega o jornal para Carlo, que lê a manchete incrédulo.

 

CARLO: (Emocionado) A mia storia! A história que ouvi desde pequeno do meu tio!

 

Lágrimas de alegria escorrem dos olhos de Carlo. a CAM dá um close no jornal, com a manchete bem visível: “Due fratelli in questa guerra” (Dois irmãos nesta guerra).

 

CARLO: (Em off) Dois irmãos lutando em lados opostos na mesma guerra: Enrico e Antonio... Quando o mais velho foi fulminado, o mais moço largou as armas e com risco de perder a vida também, cruzou o campo de batalha para chorar em cima do corpo tolhido de sangue de Enrico...

 

Imagens da guerra entram e somem como fantasmas na mente de Carlo, fruto da sua imaginação ou do saber coletivo?

 

MAXIMILIANO: E que fim levou o outro?

 

CARLO: Ninguém sabe se ele morreu na guerra também, se fugiu, se desertou... Seu corpo nunca foi encontrado!

 

Os dois se olham, e sentem um arrepio na espinha, CORTA PARA:

 

CENA 11 APARTAMENTO DE PAULO INT/NOITE


 


Paulo e Ana jantam uma massa que ele mesmo preparou, ela o conta a história do vestido.

 

ANA: [...] Eu vi numa vitrine... Mas não sei como, agora eu e minha mãe estamos com vestidos iguais, como aqueles manequins de butique chique-capitalista que vendem conjuntos mãe e filha... A diferença é que eu não sou uma bonequinha pequena com rostinho de bebê...

 

PAULO: Não dizem que muitas vezes os filhos são reflexos dos pais, estão posso acreditar, segundo essa lógica, que o vestido ficou muito elegante em sua mãe...

 

ANA: Quando era pequena, como toda menina, vestia as roupas dela... Experimentava as maquiagens se sujando no espelho embaçado do nosso banheiro... Mas hoje, guardo um certo temor besta, não quero parecer com ela... Quero me distanciar...

 

PAULO: Meandros psicológicos interessantes, tenho que colocar...

 

ANA: Mas eu sempre me olho no espelho... É impossível expulsar ela do meu corpo, as vezes quando escuto a minha voz me assusto... Parece a voz dela, ame perseguir na infância quando eu fazia alguma traquinagem...  Me desculpa, minhas loucuras não te interessam...

 

PAULO: Interessam sim, pode crer. Mas minha vaidade clama por saber o que achou dos meus talentos culinários!

 

ANA: Perfeito o prato, só não arrisco uma opinião mais técnica por que não internalizei conhecimento culinário nem pra fritar um ovo!

 

PAULO: Vou adorar lhe ensinar: é só quebrar um ovo, numa frigideira antiaderente...

 

ANA: Não precisa me humilhar!

 

Os dois caem na risada, CORTA PARA:

 

CENA 12 APARTAMENTO DE LÍVIA INT/NOITE


 


Lívia fala com o namorado no celular.

 

LÍVIA: Estou com enxaqueca de novo... Não, não... É melhor eu ficar em casa, tomar um chazinho de camomila e tentar dormir cedo... Ain que fofo, você é um príncipe... Vou sim sonhar com você, tchau!

 

Ela senta-se ao lado da irmã no sofá, e estira as pernas.

 

CAROLINA: Folgada.

 

LÍVIA: Você não me parece muito disposta também...

 

O celular toca novamente e ela atende, visivelmente com preguiça.

 

LEILA: (Por telefone) Vamos amiga! Não quero sair e sozinha... e muito menos ficar em casa hoje!

 

LÍVIA: Eu tava planejando tomar um copo de leite e cair na cama...

 

LEILA: Não me deixa na mão!

 

Ela pensa, um pouco reticente.

 

LEILA: (Tragicômica) Não vou lhe perdoar nunca!

 

LÍVIA: Tá bom vai, vou trocar de roupa!

 

LEILA: Eu passo aí pra te pegar, tchau amiga!

 

Lívia corre para o quarto para trocar de roupa.

 

CAROLINA: Coitado do Virgílio...

 

Carolina estica a cabeça para olhar a irmã se vestindo.

 

CAROLINA: Que disposição!

 

Carolina faz uma careta, CORTA PARA:

 

CENA 13 APARTAMENTO DE PAULO INT/NOITE


Ana e Paulo conversam num clima aconchegante.

 

ANA: [...] É estranho a minha situação com ele...

 

PAULO: (com ciúmes) Confesso que fiquei curioso com o funcionamento desse relacionamento...

 

ANA: Acho que não existe mais relacionamento, como ele próprio diria: è finito! Eu não posso continuar o esperando, a meses que ele não me dava notícias... Eu não posso simplesmente passar o tempo nos braços de outro enquanto ele está fora... Me sinto suja!

 

PAULO: Lhe entendo, adoro a sua sinceridade.

 

ANA: Estou te enchendo de novo com as minhas questões espirituais, me desculpa!

 

PAULO: Sempre pode me procurar, estarei aqui para lhe escutar!

 

Os dois se entreolham, rola um clima e eles se beijam. De repente, a porta se abre num estrondo, e Leonora invade o apartamento.


 


LEONORA: Filhinho, perdi minha casa para uma infestação de bichinhos nojentos! Acho que vou precisar passar uns tempinhos nesse seu cubículo desarrumado!

 

Um climão é formado quando ela flagra o casal.

 

LEONORA: Oh, acho que infelizmente interrompi a interação de vocês dois... Me desculpem atrapalhar, mas eu não poderia ficar em casa: morro de medo de morrer sufocada igual uma barata cascuda!

 

Paulo se levanta, Ana se encolhe no sofá envergonhada.

PAULO: Tudo bem, mamãe. Eu vou levar as suas coisas lá pra dentro e arrumar um lugar confortável pra você ficar e não me atazanar tanto... Faz companhia pra Ana, enquanto isso.

 

Paulo sai.

 

LEONORA: Se integrou bem na equipe não é mesmo? Espertinha você!

 

ANA: Não pense que/

 

Leonora a interrompe.

 

LEONORA: Faço muito gosto, não se preocupe, estreitaremos os laços: seremos amigas do peito! Rivalidade entre nora e sogra é tão sitcom de baixa qualidade!

 

Leonora senta-se ao lado de Ana com intimidade.

 

LEONORA: Com uma aliada como eu, quando ele piscar os olhos vai estar de smoking com uma flor de laranjeira na lapela em cima do altar de alguma igreja histórica! Ajudarei a escolher o teu vestido também, algo simples e humilde, porém chique e glamouroso!

 

Em Ana, em silêncio pedindo socorro.

 

FIM DO CAPÍTULO.




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