VIAGEM NO TEMPO: São Paulo. Todos juntos. Um só amor. Um só coração.






09 de julho feriado na cidade de São Paulo e para homenagear a cidade que é o coração do Brasil vamos relembrar uma verdadeira declaração de amor que Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira fizeram para presentear a cidade em 2004, no seu aniversário de 450 anos.
A minissérie (supersérie) com 54 capítulos retratou os acontecimentos históricos que marcaram a cidade entre 1920 e 1952 em meio há uma grande história de amor marcada pelo processo econômico e cultural que ajudaram São Paulo a ser o que é hoje em dia.



A personagem central dessa história é Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio). Uma jovem da alta sociedade paulista que faz parte de uma família que pertence a elite conservadora do café. Em 1922, Yolanda é uma jovem livre e apaixonada pelas artes que se apaixona pelo estudante de medicina Martim (Erik Marmo) a contra gosto de sua mãe Guiomar (Cássia Kiss) que não vê com bons olhos o romance da filha com o jovem pelo fato dele fazer parte do movimento anarquista.

Na semana do dia 22 de fevereiro de 1922, Yolanda e Martim participam da Semana de Arte Moderna e se deparam com várias figuras históricas como Tarsila do Amaral (Eliane Giardini), Oswald de Andrade (José Rubens Chachá), Anita Malfati (Betty Golfman), Mário de Andrade (Pascoal da Conceição) e até Santos Dumond (Cássio Scarpin) que se encanta com a beleza de Yolanda.


Yolanda e Martim pretendem fugir juntos para viver esse romance, mas por um desencontro ele acaba partindo sozinho para o Rio de Janeiro achando que Yolanda desistiu de fugir com ele. Yolanda fica decepcionada com Martim e  resolve se casar com Fernão (Herson Capri) após a viagem do seu amado e faz de tudo para ser feliz ao lado do novo marido mesmo amando outro.
A vida de Yolanda começa a desmoronar quando ela flagra Fernão na cama com sua melhor amiga Elisa (Fernanda Paes Leme) e pede o divórcio chocando a elite paulista e para piorar, ela começa a enfrentar dificuldades financeiras provocadas pela quebra da bolsa de Nova York em 1929.


Para ajudar sua família que passa por uma crise financeira, Yolanda pede ajuda a Ceccillo Matarazzo (Edson Celulari) um dos homens mais ricos de São Paulo, dono do maior parque industrial da cidade. Os dois se conhecem e descobrem grandes afinidades se tornando grandes amigos.
Yolanda fica arrasada ao reencontrar Martim e ao saber que ele está casado com Gilda (Paula Hunter). Para tentar esquecer Martim novamente, ela inicia um relacionamento com Ceccillo que por sua vez se afasta da espanhola Soledad (Daniela Escobar) com quem ele tinha um caso não assumido e que é apaixonada por ele.

Yolanda e Ceccillo constroem um relacionamento com muita amizade e paixão pelas artes. O casal deixou um grande legado cultural para a cidade de São Paulo., ficando conhecidos como os mecenas dos modernistas. Eles foram responsáveis pela fundação do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1948, e organizaram em 1951, a Bienal de São Paulo e vários outros projetos que fizeram a vida cultural da cidade.


No final da minissérie, Yolanda e Ciccillo fazem uma grande festa para comemorar os 400 anos de São Paulo e comunicam aos convidados que vão se separar. Aos 50 anos, Yolanda resolve ir atrás do seu amor da juventude, Martim e retomar a paixão que foi interrompida, pedindo para Ceccillo ir atrás da espanhola que ele abandonou.



DECADÊNCIA DA FAMÍLIA ARISTOCRÁTICA E  O CASARÃO PERTENCENTE A ELITE PAULISTA QUE VIROU ABRIGO PARA VÁRIOS IMIGRANTES QUE FORAM ACOLHIDOS POR SÃO PAULO.


Em paralelo a história de Yolanda, está a família Sousa Borba, comandada a mão de ferro pelo patriarca Coronel Totonho (Tarcísio Meira) que criou de forma rígida seus cinco filhos: Rodolfo (Marcello Antony), Maria Luísa (Letícia Sabatella), Bernardo (Daniel de Oliveira), Maria Laura (Júlia Feldens) e João (Max Fercondini).
A família que faz parte da elite paulista começa a entrar em declínio com o fim do ciclo do café  e em meio a esse processo Totonho começa a ter conflitos com seus filhos que estão envolvidos com as ideias modernas que começam a aparecer na cidade. Bernardo está envolvido com o movimento anarquista e Maria Luísa se apaixona pelo pintor Madiano (Ângelo Antônio) de quem acaba engravidando. O único filho que Totonho se dá bem é o mau caráter Rodolfo.


Com a crise da bolsa de Nova York em 1929, a família perde os bens e Totonho não aguentando ver a falência de sua família comete suicídio. O casarão em que eles moravam no Campos Elíseos é herdado pelos filhos e fica sob a responsabilidade de Rodolfo que acaba criando um bordel na mansão com a ajuda de Madame Claire (Ariclê Perez)

Anos depois, o casarão se transforma numa pensão que abriga personagens importantes como a recém chegada Lídia (Helena Ranaldi) e sua filha Raquel (Debora Falabella) que chegam à São Paulo após serem perseguidas em Berlim, na Segunda Guerra Mundial por serem judias. Através delas foram abordados os dramas dos judeus que chegaram à São Paulo fugidos da perseguição nazista e construíram uma nova vida na cidade de São Paulo.

No final dos anos 40, a cidade de São Paulo começa a se urbanizar cada vez mais e a pensão vira um cortiço recebendo muitos nordestinos que trabalhavam na construção da cidade. Outros imigrantes que chegaram à São Paulo e aos poucos miscigenaram a cidade foram o português Avelino (Paulo Goulart), os libaneses Samir (Leopoldo Pacheco) e Sálua (Ana Lúcia Torre) e os japoneses da família Fujihara.



A BELA ANA SCHIMIDT


A humilde Ana Schmidt (Maria Fernanda Cândido) filha do anarquista Ernesto (Celso Frateschi) é outra pessoa que também participou da vida da família Sousa Borba. De origem alemã, a jovem trabalha como modelo vivo. Quando seu pai é preso, ela pede ajuda ao Coronel Totonho para tirá-lo da prisão. Ele ajuda a moça e em troca ela começa a trabalhar como governanta na sua casa. Totonho contrata Ana com a intenção de seduzir seu filho Bernardo, já que ele desconfia da sexualidade do filho, porém ela é assediada por Rodolfo que fica loucamente apaixonado por ela sem saber que ela namora Joaquim (Renato Scarpin).


O MOVIMENTO MODERNISTA

A minissérie retrata o movimento modernista e o poder que esse movimento teve no desenvolvimento de cidade de São Paulo. Artistas como Anita Malfatti (Betty Golfman), Oswald de Andrade (José Rubens Chachá), Mário de Andrade (Pascoal da Conceição), Menotti Del Picchia (Ranieri Gonzáles) e Tarsila do Amaral (Eliane Giardini) tiveram suas vidas retratadas na trama.
Nos primeiros capítulos acontece a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo que escandalizou a sociedade paulista. A Semana de Arte Moderna recebeu muitos aplausos e vaias. Causou uma tremenda repercussão na época e foi muito criticada por outros artistas como Monteiro Lobato.


PERSONAGENS REAIS


Além dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna, a minissérie também contou a trajetória de Pagu (Miriam Freeland), a escritora que foi adotada por Tarsila e Oswald e mais tarde acabou roubando Oswald de Tarsila, Santos Dummond (Cássio Scapin), o pai da aviação e Assis Chateubriand (Antônio Calloni), um dos responsáveis por trazer a televisão ao Brasil nos anos 50.
 

 O DESENVOLVIMENTO DE SÃO PAULO ATRAVÉS DOS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS.



     Um Só Coração mostrou os acontecimentos históricos que transformaram São Paulo entre a década de 1920 e a década de 1950, interferindo na vida dos personagens e fazendo com que São Paulo se tornasse o maior centro industrial e cultural do Brasil. Foram apresentados na minissérie: A semana de Arte Moderna de 1922, a Revolução de 1924,  a crise mundial de 1929, a Revolução de 1932, as diretrizes da Era Vargas, as sombras do nazismo e fascismo, os refugiados da Segunda Guerra Mundial nos anos 40, a influência americana, a inauguração da TV no Brasil em 1950 e grande festa dos 400 anos de São Paulo em 1954.
     Se fosse exibida hoje em dia, Um Só Coração, seria chamada de novela das 23h ou supersérie. Seus 54 capítulos fizeram bonito na televisão e encantaram mostrando uma São Paulo do ponto de vista cultural.   Com um grande elenco afiado é difícil falar quem se destacou mais nessa grande minissérie brasileira, mas vale a pena ressaltar o grande desempenho de Ana Paula Arósio que foi responsável por grandes cenas e teve um ótimo desempenho numa personagem que começa com 20 anos e termina com mais de 50. Uma das cenas mais emocionantes  é quando Yolanda está na colheita de sua fazenda com uma plantação enorme de café, mas na época o café não estava rendendo nada e ela resolve que a partir daquele momento plantará algodão e ela mesma resolve pegar o machado e acabar com o cafezal.
   Não só o texto primoroso de Maria Adelaide Amaral e o ótimo desempenho do elenco fizeram de Um Só Coração um produto do mais alto nível de qualidade, muito também se deve magnífica direção de Carlos Manga que teve uma sensibilidade incrível ao recriar A Semana de Arte Moderna, As Revoluções, o trabalho com o elenco que soube transparecer cada ruga que seus personagens adquiriam ao longo dos anos.
 A mansão localizada no Campos Elíseos que vai se transformando também com o passar dos anos era praticamente um personagem da minissérie e souberam realizar de forma muito bem feita cada período em que o casarão se modificava da mesma forma que ocorreu com as transformações da capital paulista ao longo dos anos.




VOCÊ SABIA?
Maria Adelaide Amaral é portuguesa e junto com sua família foi uma das imigrantes que São Paulo acolheu durante seu período de desenvolvimento.

Yolanda Penteado realmente existiu e fazia parte de uma das mais ricas e antigas famílias de São Paulo e ela realmente amava as artes e teve um papel fundamental na vida cultural de São Paulo.

A atriz Gabriela Hess é sobrinha-bisneta de Yolanda Penteado e participou da minissérie interpretando a irmã de Yolanda e sua bisavó Guiomarita. Em uma das cenas a personagem dá a luz, ou seja a atriz interpretou sua bisavó dando à luz a sua avó.

Na festa de inauguração da TV no Brasil vários artistas como Tônia Carreiro, Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Eva Wilma, John Hebert, e Vida Alves participaram da festa como eles mesmos já que eles estavam presente na mesma festa retratada nos anos 50.

A minissérie era narrada por Maria Laura (Júlia Feldens), filha mais nova do Coronel Totonho (Tarcísio Meira).


Finalizo o post com a abertura de Um Só Coração.

https://www.youtube.com/watch?v=W_ZVRSflA-A


Espero que tenham gostado!!!

 
Como parte das comemorações da Globo aos 450 anos da cidade de São Paulo, a minissérie abrangeu um período cultural muito rico, entre as décadas de 1920 e 1950, focando acontecimentos históricos importantes para a cidade e para o ... - Veja mais em https://www.uol/tvefamosos/especiais/o-brasil-em-capitulos-parte-2.htm#um-so-coracao?cmpid=copiaecola