Nos Trilhos: Capítulo 10 (Inédito)



Novela de

Sandy

 

Escrita por

Sandy


 Classificação: 



Personagens deste capítulo:

ANA e antítese de Ana (Carolina Kasting)

CARLO (Danton Mello)

GISELE (Christine Fernandes)

LÍVIA (Lucy Ramos)

BEATRIZ (Nívea Maria)

CARLA (Débora Falabella)

LIZA (Vivianne Pasmanter)

NANDO (Chay Suede)

PAULO (Murilo Benício)

PEDRO (Dan stulbach)

LEILA (Giovanna Rispoli)

HELOISA (Ângela Vieira)

LÚCIO (Dalton Vigh)

LOLA (Maria Clara Gueiros)

HEITOR (Marcelo Médici)

HENRIQUE (Petrônio Gontijo)

MAXIMILIANO (Emílio Orciollo Netto)

VIRGÍLIO (Marcelo Melo jr.)

VIRGINIA (Lavínia Vlasak)

CAROLINA (Isabel Fillardis)

LEANDRO (Fernando Pavão)

BELLA (Barbara França)

EMÍLIO (Danilo Mesquita)

 

Título do capítulo de hoje: "Dividida"




CENA 01 EMISSORA EDUCATIVA EXT/DIA

 


O táxi deixa Carla na emissora, Max desce e abre a porta do veículo.

 

CARLA: (Deixando escapar um sorriso) Você me reconheceu né?

 

MAX: Da dove? É a minha primeira vez aqui no Brasile...

 

Carla se envergonha.

 

CARLA: Tô meio zonza, desculpa a gafe... Eu sou atriz, sabe... Não que eu seja lá muito famosa, mas aconteceram umas coisas e...

 

MAX: Espero que signorina tenha a oportunidade de me contar detalhes, sono in retardo, adeus!

 

Ele beija a mão dela num gesto signo de um Romeu verdadeiramente saído de Verona. Carla não consegue tirar os olhos dele, enquanto ele entra de volta no táxi e vai embora.

 

CARLA: Que figura pitoresca!

 

Ela aperta contra o peito a mão que ele beijou, e lentamente sobe as escadas do prédio. Dentro do veículo em movimento, Max encontra a bolsa dela.

 

MAX: A donna esqueceu questo!

 

Ele sorri, prenunciando um novo encontro com a misteriosa atriz, CORTA PARA:

 

CENA 02 EMISSORA EDUCATIVA INT/DIA

 

Carla desce do elevador e apreensiva se encaminha para o estúdio: todos a recebem com rostos afetuosos e Heitor a surpreende com um buquê de flores.

 

CARLA: Assim vocês me deixam envergonhada... Não, minha negligência não merece tamanho carinho...

 

HEITOR: Precisamos tratar com carinho a nossa estrela!

 

LEONORA: Mas tenha cuidado querida sobrinha, cuidado não terminar tornando-se uma

estrela cadente...

 

CARLA: Não vão se atrasar ainda mais por mim, vou me trocar...

 

LEONORA: A aparência dela está um horror! Lola, tente dar um jeito nessas orelhas...

 

LOLA: Algumas flores, se não apresentam nada de especial enquanto intactas, exalam um delicioso perfume se maceradas: o sofrimento, as lágrimas, a deixaram ainda mais bonita... As bochechas coradas, a expressão de resignação... naquela época

 

LEONORA: Você ainda lendo muita poesia romântica, estou vendo apenas um rosto esquelético com maquiagem borrada...

 

Leonora se abana com um leque, Lola se dirige para o camarim. Ana aparece no set.

 

LEONORA: Apareceu a Margarida! Tenho uma listinha de tarefas para você, minha pupila, assim que a saúde da sua mamãe e um pouco de boa-vontade nascerem no seu coraçãozinho, é claro!

 

Ana escuta as instruções da chefe, Paulo faz um sinal para ela: “Depois nós conversamos!”.

 

LEONORA: [...] pesquise também como as condessas e princesas russas faziam a toalete naquela época... E não se esqueça, preciso saber com detalhes como preparavam o chá!

 

CORTA PARA:

 

CENA 03 ELEVADOR DO PRÉDIO DE ANA INT/DIA



 

Carlo e Lívia dividem o elevador em direção ao térreo.

 

CARLO: Não vai me cumprimentar? Falar que está quente, ou que parece que vai chover?

 

LÍVIA: Não, e até parece que é novidade que o Rio anda quente...

 

CARLO: Quando você ficou com tão mal-humorada?

 

LÍVIA: Já disse que sempre fui, você tem uma memória muito ruim!

 

O elevador para e as portas se abrem, ela sai primeiro com altivez, ele faz uma careta travessa e sai logo em seguida. Encontram Gisele com um carinho lotado de compras.

 

GISELE: Carlito, finalmente resolveu dar o ar da graça! Pensei que tivesse se perdido em alguma caravana de pés descalços na Arábia saudita!

 

CARLO: Infelizmente ainda não evolui espiritualmente ao nível de um peregrino, talvez de um ermitão, quem sabe!

 

Max se aproxima e abraça o amigo, o italiano acena para as damas e arrasta o amigo par fora.

 

GISELE: Quem é esse gorducho?

 

LÍVIA: Não sei, mas cuidado com a gordofobia!

 

GISELE: Descansa militante! Sobe comigo, tenho novidades!

 

LÍVIA: Mas eu acabei de descer, sua louca!

 

GISELE: Contei a ele sobre o livro...

 

LÍVIA: E ele reagiu como?

 

GISELE: Melhor do que eu imaginava, mas ainda assim, sinto que algo se deteriorou entre nós dois...

 

Os dois amigos conversam animadamente.

 

CARLO: Pensei que você tinha se perdido, desde que desembarcamos não tinha dado mais sinal de vida!

 

MAX: Io só non queria atrapalhar la tua luna di miele...

 

Carlo repara na bolsa de mulher que o italiano carrega.

 

CARLO: Decidisse passar o tempo batendo as bolsas das senhorinhas que passeiam no calçadão?

 

MAX: Una signorina esqueceu no táxi, una signorina molto bella... Vou encontra-la di nuovo e devolver questa preciosidade... Io non abri, mas tem um aroma delicioso de rosas!

 

Carlo ri da situação, CORTA PARA:

 

CENA 04 EMISSORA EDUCATIVA INT/DIA



 

Paulo dá instruções para a gravação de mais uma sequência a Emílio Leandro.

 

PAULO: [...] Lièven visita a casa dos amantes e antes de conhecer Anna pessoalmente, se encanta com um quadro da nossa anti-heroína, fica hipnotizado! Eu quero que filmem desse ângulo, com o quadro em primeiro plano incialmente... Gravando!

 

LEANDRO/VRONSKY: Não posso julgar eu mesmo o meu próprio talento, mas confesso que achei-me inspirado quando pintei este retrato... Os olhos quase tão hipnotizantes quanto o da modelo... Mas não falarei mais nada, meu amigo presenciará com seus próprios sentidos...

 

EMÍLIO/LIÉVEN: Não tenho palavras...

 

Carla entra no set, os dois atores viram-se em sua direção. No rosto de Emílio, lê-se uma decepção entre a modelo do retrato: o encanto se quebrou.

 

EMÍLIO/LIÉVEN: Minha senhora!

 

Ele beija-lhe a mão, disfarçando o constrangimento.

 

PAULO: CORTA!

 

Paulo se aproxima de Carla e abraça.

 

PAULO: Fico feliz que você esteja conseguindo superar...

 

CARLA: Acho que eu tinha deixado de existir momentaneamente, e agora estou começando a me encontrar...

 

Ana se aproxima, as duas trocam um olhar terno, Carla se dirige a seu camarim e deixa os dois sozinhos.

 

ANA: Agora podemos conversar?

 

PAULO: Vamos para a minha sala, você sabe que tava morrendo de saudades e preocupação, sua mãe está melhor?

 

ANA: Está sim e eu também... Estava com saudades...

 

CORTA PARA:

 

CENA 05 CAMARIM INT/DIA

 

Carla atende uma chamada de Virginia.

 

VIRGINIA: (Por telefone) Melhor não ligar a televisão amiga, os programas de fofoca estão reproduzindo a exaustão imagens suas... Sim, correndo de um repórter! Não existe mais respeito pelos sentimentos alheios, bando de urubus!

 

Na televisão da cozinha de Virginia lê-se: “Vergonha do mico ou estrelismo: Carla Cabral corre das nossas câmeras!”

 

Virginia desliga a televisão e mexe uma sopa, segura o celular com a cabeça e o ombro e experimenta.

 

CARLA: Não posso fazer nada, a não ser xingar esses desgraçados!

 

Virginia se segura para não contar uma fofoca quentinha.

 

VIRGINIA: Joga um processo neles. Olha, eu descobri uma coisa, mas não sei se devo te contar...

 

CARLA: Se for sobre o Pedro, me conte, ele não pode me fazer mais mal do que já me fez!

 

VIRIGINIA: Sabe aquele meu peguete usual, ele é corretor de imóveis... Ele vendeu um apartamento pro seu ex-maldito, digo, ex-marido e uma senhora loura...  O obriguei a me dar o endereço do covil, que tal nós irmos dar uma passadinha lá, assim podemos arrancar mais material pra fazer uma vassoura loura!

 

Carla segura o celular contra o peito, reticente em responder, CORTA PARA:

 

CENA 06 SALA DE PAULO INT/DIA



 

Ana observa um cartaz da animação de Bela e a Fera colada na parede.

 

PAULO: Eu sou um homem sensível, você sabe disso.

 

Ana o olha incrédula com um sorriso no rosto.

 

PAULO: Essa sala era da diretora de programação infantil, e o poster também, mas não tive coragem de arranca-lo!

 

ANA: Eu esperava um poster de o poderoso chefão, mas tudo bem.

 

Ele sorri e abre a gaveta, esconde algo com as mãos e entrega para Ana.

 

PAULO: Para você, comprei nesses dias em que estávamos separados.

 

Ela se surpreende com a atitude totalmente inesperada dele.

 

PAULO: Abre, comprei com muito carinho.

 

Revela-se um solitário com uma pedra preciosa cor-de-rosa.

 

PAULO: Um anel pode significar tudo, pode significar nada.


Em Ana com as faces coradas de vergonha.

 

ANA: Lindo, simplesmente lindo... Mas eu não posso aceitar...

 

PAULO: Aceite, como eu disse, é só um anel... Pode não significar nada, depende do valor que você o atribuir...

 

ANA: Mas você gastou seu dinheiro e com certeza colocou nele suas esperanças, e não sei se poderei atingi-las...

 

PAULO: Minhas esperanças não importam, o receba apenas como símbolo do meu carinho!

 

Ele fecha a mão dela sobre a caixinha com delicadeza.

 

ANA: Mas se elas não se realizarem, ele se tornará um símbolo de frustação, talvez de magoa...

 

PAULO: Minhas esperanças e expectativas são controladas somente por mim, não tenha receios... Aceite o meu presente!

 

Ela abra a mão e ele, por sua vez, retira o anel da caixa e põe o anel no dedo indicador da mãe direita dela.

 

ANA: (Rindo de nervoso) Me sinto numa novela de época...

 

PAULO: Os tempos mudam, os costumes e os hábitos também; não estou lhe colocando em algum compromisso, é só um anel, é só um presente!

 

Num impulso ela o beija, CORTA PARA:

 

CENA 07 CAMARIM INT/DIA



 

Carla paralisa ao ouvir a proposta de Virginia.

 

CARLA: [...] Não quero fazer nenhuma loucura! De novo...

 

VIRGINIA: (Por telefone) Não devia ter te falado isso, ou pelo menos não pelo telefone...

 

CARLA: Vamos tomar um café, à noite, depois das minhas gravações... Está tudo atrasado aqui...

 

VIRGINIA: Tá bom então amiga, abriu um bar-café aqui aí perto...

 

CARLA: Eu vi um anúncio na rua... Sei sim, onde é...

 

VIRGINIA: Tá legal... Me desculpa pela minha boca grande, não consegui me segurar e despejei isso pra você...

 

CARLA: Nada amiga, não gosto que me escondam nada... Tchau, tenho umas duas sequências pra gravar ainda hoje...

 

Carla desliga o celular, CORTA PARA:

 

CENA 08 ESTÚDIO INT/DIA


 

Ana assiste rodarem a sequência do baile, olha como hipnotizada como se tudo aquilo fosse realmente real. Volte e meia, sente o anel formigar no seu dedo e o faz girar no sentido horário, como um tique nervoso.

 

LEANDRO/VRONSKY: Dance a mazurca comigo, ou juro que não dançarei com mais ninguém essa noite!

 

CARLA/ANNA: Nem mesmo com Kitty?

 

LEANDRO/VRONSKY: Terei que abrir mão da companhia dela, infelizmente.

 

CARLA/ANNA: Farei isso por ela, somente por ela.

 

Os dois começam a dançar e os atores apresentam uma química inquestionável. Paulo sussurra algo e Bella entra no set: Kitty adentra o baile e encontra o seu pretendente dançando com Anna; O rosto da atriz demonstra dor e sofrimento, enquanto ela sai de cena em prantos, o diretor pede closes das expressões cheias de significado do casal que é o centro da cena.

 

PAULO: Corta!

 

Ana se aproxima do diretor, se despede e vai embora, as gravações continuam até as sete da noite CORTA PARA:

 

CENA 09 CAMARIM INT/NOITE



 

Em seu camarim, Bella começa a desabotoar o vestido, quando é surpreendida por Leandro.

 

BELLA: O que você está fazendo aqui? Está escrito na porta: CAMARIM FEMININO!

 

LEANDRO: Entrei por engano... Mil desculpas...

 

BELLA: Quando o lobo se despede por cruzar o caminho da vítima, é por que está preparando uma tocaia... Saia por favor!

 

LEANDRO: Não pense mal de mim, eu sou inofensivo! Deixe-me lhe mostrar que suas impressões são errôneas...

 

Bella faz uma careta e abotoa os botões de novo.

 

BELLA: Se você não sai, saio eu!

 

Ela bate e a porta e tranca-se no banheiro, CORTA PARA:

 

CENA 10 APARTAMENTO DE ANA INT/NOITE



 

Max janta com Carlo e Ana.

 

MAX: Só faltou tu acertares o sugo, ma la massa esta perfetta! De lamber os beiço!

 

CARLO: As brasileiras também são prendadas...

 

ANA: Só sei fazer um macarrãozinho mesmo, sou uma negação na cozinha... Se você ver a minha despensa vai morrer do coração com a quantidade de semiprontos que existe ali...

 

MAX: Domani, io vou preparar una bella lasanha...

 

CARLO: Não aguento mais tanta comida italiana, amanhã é melhor a gente pedir um japonês...

 

Max mostra a língua para Carlo, e dois começa uma pequena guerra de comida.

 

ANA: Seus implicantes, vou buscar outra garrafa de vinho...

 

Ana entra na dispensa, liga a luz e a porta fecha-se atrás dela: Anna a olha com uma expressão de desaprovação.

 

ANA: Não olhe pra mim desse jeito, não tive coragem...

 

ANNA: Vai ficar com esse anel no dedo por algumas semanas e devolver quando tiver coragem de falar verdade pra ele? Ou pretende ficar com os dois, achei moderno, vanguardista! Agora é melhor certificar-se, talvez um dos dois tenha uma pistola na gaveta de meias e você termine com dois tiros na cabeça e um no coração!

 

ANA: Eu vou me abrir com o Paulo, ele sempre foi tão receptivo... Vai me entender, e nunca escondi minha história com o Carlo dele.

 

ANNA: Os corações mais calmos são capazes de loucuras, quando se sentem traídos!

 

ANA: O seu marido foi um corno manso, enquanto você se jogava nos trilhos do trem, ele estava criando a filha de outro homem!

 

ANNA: Estamos falando de você e não de mim, e não se esqueça que sou um sonho, uma alucinação... Poderia assumir a forma que mais lhe aprouvesse...

 

ANA: Uma alucinação lúdica, eu mereço!

 

Carlo entra na dispensa e a encontra com uma garrafa na mão: a derruba no chão. Os dois começam a catar os cacos.

 

CARLO: Que anel lindo, não me lembrava dele...

 

ANA: Comprei numa liquidação, é uma daquelas semipreciosas...

 

CARLO: Brilha tanto, parece uma joia de verdade...

 

ANA: Vou pegar uma pá e uma vassoura...

 

Ela sai.

 

ANA: (Em pensamento) Idiota! Por que ficou com isso no dedo?!

 

CORTA PARA:

 

CENA 11 BAR-CAFÉ INT/NOITE



 

Virginia e Carla conversam, tomando um capuccino gourmet.

 

CARLA: [...] Vou deixar quieto, tenho medo do que pode acontecer se eu escavar isso... O que vão pensar de mim, se eu me descontrolar de novo? Eu pensava que nada pudesse me abalar, não sai do ritmo nem quando meu pai se foi... Aí um casamento acaba, e eu perco o controle dos meus passos, perco a sincronia da vida...

 

VIRGINIA: Mas você não quer descobrir as motivações, o que está por trás de tudo isso?

 

CARLA: Um dia eu e o Pedro vamos ter que se encontrar, sentar e conversar: a gente tem um filho juntos! Não sei se vou ter coragem de abrir pra ele certas coisas, por enquanto eu ando escrevendo...

 

Ela tira um caderno da bolsa.

 

CARLA: Anda sempre comigo, no intervalo das gravações eu pego uma caneta, tento me ordenar, me reorganizar interiormente... Acho que está dando certo...

 

VIRGINIA: Vai dar pra ele ler?

 

CARLA: Essa é a intenção... No começo eu pensei em escrever uma carta, ou algumas cartas... Mas eu há coisas demais dentro de mim... Um dia, vou pôr essa espécie de diário nas mãos dele, torcendo para que ele tenha bom senso e responda os meus questionamentos...

 

VIRGINIA: Se você acha melhor assim, quem sou eu pra te desviar pro mal caminho...

 

CARLA: Eu agradeço seu apoio, você demonstrou que se importa, que gosta de mim...

 

VIRGINIA: De um jeito torto...

 

As duas dão-se as mãos.

 

CARLA: Não importa como, não importa o método, e sim a intenção!

 

Numa mesa do outro lado, Julia e Heitor tem uma espécie de DR.

 

HEITOR: [...] Casamento?

 

JULIA: Você me enrola a cinco anos, é natural que eu pense em algo mais sólido...

 

HEITOR: 2020 e você ainda acha que um casamento precisa desembocar necessariamente em casamento?

 

JULIA: Quanto menos as pessoas se casam, e menos os casamentos duram, se casar se torna uma prova de amor cada vez maior...

 

HEITOR: Isso é um pedido?

 

JULIA: Não, sou uma mulher à moda antiga. Interprete isso apenas como uma sugestão, um conselho de uma amiga...

 

Antes que ele possa dizer qualquer coisa, uma banda sobe ao palco e começa a tocar.

 

JULIA: A Liza vai cantar, silêncio! Pense bem no que eu lhe disse...

 

Aplausos, Liza faz uma reverência e começa a cantar.



 

LIZA: Ando fingindo pro mundo, ando fugindo de tudo! Mas não te esquece um segundo, o meu coração... Meu mundo acabou, quando você me deixou, por isso não me ligue mais pra saber se estou bem... Já sabe que não estou!

 

Virginia quase põe o café pra fora.

 

VIRGINIA: Melhor não se virar...

 

CARLA: Por quê?


VIRGINIA: Acho que no meio do barraco não deu pra você escutar a voz dela...

 

Carla vira-se e olha Liza cantando deslumbrante no palco.

 

LIZA: É só se pôr no meu lugar, que você vai me entender! Quando alguém perde um amor que jurou ser pra sempre, perde a razão de viver...

 

CARLA: Presta atenção na letra!

 

VIRGINIA: A vida é realmente uma comédia de mal gosto! Vamos embora, é melhor!

 

Carla toca na mão da amiga que já estava com a mão na bolsa.

 

CARLA: Vamos curtir a música, talvez depois possamos dar uma passadinha no camarim da artista...

 

Virginia faz uma careta de surpresa.

 

FIM DO CAPÍTULO.




 

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